Em nossas aulas de Filosofia, um alerta que constantemente é dado diz respeito aos cuidados e às dificuldades que temos no processo de construção do conhecimento seguro.
O processo de construção de conhecimento é um processo lento, trabalhoso, angustiante. Revela o quanto não sabemos sobre o mundo e o quanto nossa capacidade de conhecer é limitada.
O filósofo Sócrates comparava o processo de construção do conhecimento com a gestação de uma criança. Apesar de toda beleza e poesia contida na observação da gravidez, qualquer mãe ou gestante sabe que não é um momento agradável, fisicamente. O processo de construção de conhecimento seguro também pode não ser agradável: pede trabalho árduo de investigação, de confronto de ideias, a verificação da validade dos argumento postos. Enfim, tanto na geração de uma vida humana quanto na produção de um conhecimento válido, o sujeito sofre.
Mas como nos lembrou o Pietro, do 1º ano B: O RESULTADO É MUITO BOM!
Sem dúvida! A chegada de um bebê ao mundo, após aqueles meses de desgaste para a mãe (e para o pai, resguardadas as devidas proporções!), é um momento de alegria, que nos faz esquecer das dificuldades do período gestacional. Já para Sócrates, "parir" o conhecimento, após um longo processo de discussão, investigação e trabalho árduo, é muito gratificante.
Entretanto, nós temos a tendência à precipitação. Reparem no termo: é um derivado de precipício!
Ora, normalmente quando somos convidados a discutir ou pensar sobre algo um pouco mais complexo, "nos atiramos no precipício" das informações fáceis, superficiais e prontas, recorrendo às opiniões dos outros, que detêm algum tipo de poder. Produzimos então o famigerado e perigoso senso comum. O resultado de atirar-se tanto para o fundo de um penhasco quanto para a escuridão do conhecimento superficial só pode ser trágico. No primeiro caso, danos físicos ou até a morte. No segundo, os danos são em relação à formação do sujeito, que, ao invés de tornar-se um produtor autônomo do saber, submete-se ao discurso do outro, que o domina. Chamarei de morte intelectual, para acentuar a analogia.
Para ilustrar essa discussão, deixo aqui o acesso para um vídeo muito interessante. Trata-se de um trecho de uma palestra realizada pelo ilustre astrofísico Prof. Dr. Neil deGgrasse Tyson, diretor do Planetário Hayden no Museu Americano de História Natural em Nova York.
É feita uma pergunta na plateia: "o senhor acredita em OVNI?".
Vejam aqui
a maneira brilhante e divertida com que o Prof. Tyson discute, na verdade, um grande obstáculo para a produção do conhecimento: o argumento da ignorância.
Um grande abraço a todos e ótimas reflexões!
Prof. Sebá